Monday, June 20, 2005

Tour na Espanha

Estou meio atrasado com meus blogs, mas ai vai o primeiro da viagem que fiz recentemente à Espanha.
Bom, pra começar, duas semanas atrás teve um feriado prolongado aqui na Itália e acabei indo visitar uma grande amiga que havia conhecido no Caminho de Santiago que fiz em 2002.
Maria é uma pessoa que tem uma energia muito grande e sei que acabamos estreitando a nossa amizade depois que vim para cá. Ela mora em uma região da Espanha muito bonita, que eu ainda não conhecia, o principado das Astúrias, que fica na costa Cantábrica ao norte, entre o país basco e a Galícia.
Tive a sorte de conseguir uma passagem muito barata com uma low-cost (aqui na Europa tem muitas cias aéreas desse tipo) e paguei apenas 65 euros, ida e volta. Nesse ponto o Brasil ainda tem muito que aprender em matéria de passagens baratas!
O voô era Roma-Santander (duas horas), que fica na costa também. Gentilmente ela foi me buscar de carro, pois Santander fica a umas duas horas de Candás, a pequena e encantadora cidade onde mora.
Na verdade eu não tinha muitos dias, cheguei na sexta depois do almoço e retornaria na segunda bem cedo. Então enquanto retornávamos do aeroporto até sua casa, ela já começou o trabalho de cicerone.
O primeiro lugar que visitamos foi o Santuário de Covadonga, que fica no Parque Nacional dos Picos de Europa, uma região montanhosa muito bonita. Encravada em umas destas montanhas, estava uma igreja do início do século 20 em estilo gótico. Muito interessante, construída por um alemão. O interessante é toda a história que tem em torno, pois o local é onde ocorreu uma batalha da resistencia contra os mouros lá pelo ano 700. O protagonista é muito famoso na Espanha: don Pelayo.
O local se tornou uma espécie de lugar santo, com uma capela em uma gruta onde muita gente vai em busca de graças divinas.
Chegando a Candás relaxamos um pouco e logo depois saímos para conhecer a pequena cidade e beber algo.
Uma cidadezinha muito acolhedora (fica na costa também) e com toda energia espanhola: cheia de bares onde as pessoas se reúnem para comer os famosos 'tapas' (porções) e beber a típica sidra!
Atenção que não é a sidra que conhecemos no Brasil, que é um espumante. A sidra ali é uma bebida alcólica de 6 graus mais ou menos, e diria que é uma espécie de cerveja de maçã.
O mais curioso é a forma de bebê-la: o garçom pega a garrafa e erguendo o braço acima da cabeça despeja dois dedos de sidra num grande copo que ele segura com a outra mão na altura da cintura. Daí se bebe tudo de um gole só, deixando uma pequena parte que se deve jogar fora em canaletas apropriadas no chão do bar!!! Tem toda uma teoria para isso que certamente não conseguiria explicar.
Sei que fizemos uma peregrinação de sidra em pelo menos três bares, e no último se não comesse algo certamente teria ficado mal!
No dia seguinte fomos conhecer os arredores da pequena cidade, e com a luz do dia a coisa é diferente, tem uns pequenos caminhos que onde se vê a costa recortada e com cabos ao longe.
No caminho para Oviedo paramos em um lugar mágico, o cabo Peñas, um promontório lindo com uma vista do Atlântico espetacular.
Chegando em Oviedo, noto outra cidade encantadora e muito organizada (está na parte interior das Astúrias). Incrivelmente limpa, com um belo parque e ruas que mantém uma história muito antiga.
A catedral gótica é muito interessante, embora inacabada por falta de verbas (não é somente hoje que vemos esse filme) mantem um fascínio das igrejas desse estilo.
Uma coisa curiosa em Oviedo são estátuas do Botero no meio da cidade, uma mistura estranha com edifícios do início do século passado.
Depois do almoço seguimos para a casa de família da Maria, que fica nas montanhas da Reserva de Muniellos, que está na fronteira com a província de Leon mais ao sul.
Bem, aqui não contarei muito, além de dizer que é um lugar muito bonito e que será tema para outro blog separado.
No domigo, depois de almoçar na casa de montanha, seguimos para conhecer Gijón e encontrar Juan, namorado de Maria.
Gijón fica na costa e também é uma cidade muito agradável com um parque com vista ao mar e cabos ao longe.
Interessante que num grande gramado que dá vista ao mar, tem uma escultura moderna enorme que na minha opinião é muito feia e não tem nada a ver com a paisagem paradisíaca do local.
Me contava Juan, que é guarda florestal, que Gijón era porto de partida para caça de baleias e até as ruas tem nomes associados com essa atividade, como o 'tránsito de las ballenas'.
Jantamos juntos, conversamos e nos divertimos muito. Juan fala um pouco de português e tinha já estado no Brasil. Incrivelmente em lugares não tão famosos para um turista europeu, como a Chapada Diamantina e o projeto Tamar no litoral baiano.
No dia seguinte segui para Santander de ônibus para pegar o avião de volta a Roma. Tive uma horinha para dar um passeio pelo calçadão da cidade, que fica na beira-mar. Mais uma cidadezinha muito agradável e bem organizada.
Aliás, nem vou insistir muito, pois a Espanha é um país que me surpreendeu muito e que tenho ótimas recordações e principalmente grandes laços de amizade.


Wednesday, June 8, 2005

INPS italiano!

Olá pessoal, aqui vai o meu primeiro blog que não é sobre viagem!!

O sujeito entra numa academia e lhe dizem que é necessário um atestado de saúde para poder frequentá-la. O cidadão vai no médico de base (na Itália você tem que tirar a sua 'carteira-saúde' e escolher o tal médico de base, que em geral é escolhido perto da sua casa) e este lhe diz que seria mais garantido fazer um eletrocardiograma e ir ao cardiologista, visto que fazia tempo que não havia nenhum controle.

Perfeito... O tipo vai ao hospital do INPS (num bairro periférico de Roma), que por sinal é muito bonito e novo, espera mais de uma hora na fila para lhe dizerem que a primeira data disponível era dali a dois meses e teria que pagar o tal do ticket (não é tudo grátis na Itália, só em casos de urgência...).

Beleza, com muita calma, ele faz a reserva e espera pacientemente os dois meses. Quando chega a data, enfim, ele vai ao hospital. A garota o atende, pede o valor do ticket (25 euros) e diz que ele pode subir ao primeiro andar para a consulta, que já tinha horário marcado há dois meses.

No primeiro andar, várias pessoas esperando e ele nota que as portas do consultório estavam fechadas e que tinha escrito: 'Não bater na porta, você poderia incomodar a consulta em andamento'. Bem, quando acaba a consulta, o médico deve sair e chamar pelo nome, pensa ele. Os minutos vão passando e depois de algum tempo ele ouve pessoas batendo na porta e entrando... Então ele decide descer e confirmar com a garota que funciona dessa maneira. Ela diz que sim e ele volta para cima, um tanto inconformado. Afinal, já tinha se passado meia hora do horário marcado.

Finalmente um dos doutores sai, ele se dirige a este, que lhe pede o nome para saber se estava na sua lista ou na do outro médico ao lado. Estava na do outro, claro... Este diz que avisaria o outro doutor que eu já estava esperando.

Finalmente depois de ter que dar a vez a uma senhora grávida, ele entra na sala.

O diálogo é mais ou menos assim:

- O que o senhor está sentindo ?

- Não sinto nada doutor, apenas vim fazer um controle, pois precisava para a academia e porque faz anos que não faço nenhum checkup.

- Tudo bem, pode tirar a camisa e deite que vamos fazer um eletro.

Ele deita, o médico coloca umas ventosas que nem grudam direito e faz o eletro. Não diz nada. Depois comenta:

- Vamos medir a pressão.

E após a medição:

- Está 14 por 8, um pouco alta. O senhor tem que fazer dieta e comer sem sal. Até logo.

O cidadão, boquiaberto, veste a camisa, se senta, enquanto o médico escrevia o resultado do eletro a mão, com a famosa caligrafia ... E pergunta:

- Que tipo de dieta eu tenho que fazer doutor?

- O senhor coma carne branca, verduras. Ah, e frutas também.

Acaba de escrever o resultado do eletro, coloca no envelope e diz:

- Bom dia.

Detalhe, ele nem auscultou o coração...

O tipo sai da sala meio atordoado, depois de 5 cinco minutos se dá conta e fica realmente indignado.

Pois é, o cidadão, pessoal era eu mesmo. E certamente não é nenhuma ficção e nem estou exagerando uma vírgula.

Para quem poderia pensar que essa cena seria de INPS tupiniquim, isso acontece por aqui também!!

Abraços e até a próxima

Alexandre